A última guerra.

Querido.
 Peguei suas velhas cartas essa noite. E estive sentindo sua falta no decorrer da semana.
Enxuguei as lágrimas, fiz um chocolate quente  do jeito que você gosta, Rolei de um lado pro outro na cama, o sono não apareceu.
Levantei e abri a primeira gaveta velha, Aquela que você disse que arrumaria assim que arrumasse  tempo. Peguei  sua camisa, de domingo,  a branca, eu a vesti. Eu te imaginei ali outra vez, te imaginei tocando minha barriga, como você sempre fez.


Eu sei. Eu sei.
Eu prometi.  Prometi que ficaria bem. Prometi que não ia me importar.
Mais você... Também prometeu. -Disse que nunca mais ia me fazer sofrer de novo. 
E quando você partiu, deixou a guerra comigo.
Imagino a dor que você tem sentindo nesse lugar horrivel.
imagino o frio...


Sua mãe apareceu na quarta, -disse que você  vai voltar, e que tudo logo vai acabar.
E mesmo com toda aquela confiança, ve em seus olhos que ela sente o mesmo medo que eu sinto.
Eu tô perdida. Quando isso vai acabar? 
A guerra não é nossa meu bem... a guerra não vale nossas vidas.
Estou te esperando anciosamente.


Eu te amo. Pra sempre.






                                         


15, de dezembro, de 1997 


Querida Ana.


Como eu queria poder estar ai e compartilhar com você desse seu chocolate maravilhoso.
Por favor, não chores mais... Tudo vai passar. Por favor não sinta medo eu estou com você  todos os dias.
Tenho tentando não imaginar seu sofrimento, mesmo sendo impossivel.
Há meses que não sei o que é paz nesse lugar.  E quando tudo acabar, vou estar em casa, me aquecendo no seus cabelos ruivos e cacheados... e prometo que dessa vez arrumo nossa gaveta.
Desculpe não estar ai pra ver sua barriga crescer... E te fazer durmir.
Desculpe.


Não é nossa culpa meu amor. A guerra logo vai acabar.


Eu te amo. Em qualquer circunstância.




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